Na primeira parte desta publicação, que podem ver aqui, falei-vos de uma manta que guardo com grande estima. Hoje não será muito diferente no discurso, vou continuar a partilhar algumas memórias. Desde criança que convivo com manualidades, a mãe, a madrinha, as tias e as avós faziam crochet, tricot e bordados constantemente, algumas das tias também faziam tricot nas máquinas Passap (quem se lembra dessas máquinas?). Durante a minha infância, e até à idade de jovem adulta, lembro-me de todos os Natais ter recebido sempre da minha avó materna algo feito por ela. Reparem, a avó Catarina teve oito filhos e todos tiveram filhos, ao todo a avó somava cerca de vinte e poucos descendentes, entre filhos, netos e bisnetos, agora somemos as noras, os genros, sejam dos filhos ou dos netos, é muita gente mas não ficava absolutamente ninguém de fora da lista de presentes. Fazia pegas de cozinha, cachecóis, botinhas de dormir, xailes e gorros para toda a família, sem excepção. Como podem calcular eram meses seguidos dedicados aos presentes de natal. Dezenas e dezenas de peças eram todos os anos executadas com uma grande dose de amor e carinho, peça a peça, a pensar em cada um de nós. Um acto de amor puro de uma avó que amava todos sem distinção. A avó já cá não está e infelizmente não tenho nenhum exemplar para vos poder mostrar, mas lembro-me muito bem dos modelos que a avó Catarina fazia, principalmente das pegas de cozinha, feitas com as sobras dos fios das outras peças. Já a minha avó paterna, com quem fui criada, também fazia umas coisinhas, mas pouco, a avó Laurinda gostava mais de passar os seus tempos livres a ler. Teve apenas um filho, o senhor meu pai, e uma neta, moi-même. Fazer camisolas, meias ou afins nunca foi a sua praia. Ela gostava era de ler e foi ela quem me criou hábitos de leitura desde tenra idade. Contudo lembro-me dela andar a fazer uma manta em granny squares, aliás não tenho memória de mais nenhum trabalho manual feito pela avó Laurinda. Foi a primeira vez que vi quadradinhos de lã muito coloridos e aquilo fez-me muito bem aos olhos, de tal forma que foi por essa altura, teria eu os meus sete anos, que quis aprender a fazer crochet. O gosto pelos granny squares estendeu-se até aos dias de hoje, é uma das técnicas tradicionais que mais gosto de ver retratada no crochet actual. Lembro-me das cores que a avó escolheu para essa manta, eram as cores primárias mais branco e preto. Porquê essas cores, não faço ideia, mas que os quadradinhos tinham um efeito bonito, não tenho dúvidas. A não ser que a memória me falhe, acho que a manta nunca foi terminada, pois não me lembro de a ver nos pique-niques da família, ou a cobrir a cama, ou o sofá, ou mesmo no banco traseiro do volkswagen carocha do meu pai. Sim, sim, nos anos 70 cobriam-se os bancos dos carros com mantas de crochet e até havia quem fizesse almofadas para acrescentar ao décor (yup! uma piroseira). Tenho quase a certeza de que os quadradinhos, ou manta no caso de ter sido concluída, ainda devem existir algures no sotão da casa dos meus pais, que é um lugar onde reinam cenas vintage. O coitado do sotão está à espera que eu arranje tempo e principalmente muita vontade para o arrumar. Está cheio de traquitanas giras, cobertas por enormes panos para as proteger do pó que tem sido o meu maior inimigo, mas um dia vou encher-me de coragem, colocar uma máscara e entrar numa autêntica viagem por memórias esquecidas. E por falar em memória, após um exercício de, eis o granny square tal como me lembro. Os quadradinhos da minha avó eram mais pequenos, porque executados com um fio de lã fino, este mede 16cm x 16cm e recorri a sobras de fios possíveis de serem tecidos com agulha nr.5
Já as pegas da avó Catarina não as reproduzi, fiz uma (re)interpretação das mesmas com restos de fios de algodão.
Ok, para ser uma pega tem de ter uma argolinha para poder pendurá-la, convém, e um forro no verso do projecto. Ainda não tem e provavelmente não vai ter porque prefiro antes fazer outra versão de sequência de cores com os restos de fios que ainda tenho e assim ficar com uma pega mais resistente e de dupla face.
Tenho uma certa queda por pegas de cozinha de modelos antigos, vá-se lá saber porquê. Provavelmente por causa das pegas da avó Catarina, que me habituei a ver durante muitos anos na cozinha da minha mãe. Quem me lê sabe que mudei de casa recentemente e portanto a onda do momento é andar a brincar às casinhas e a fazer alguns acessórios para enfeitar os meus novos cantos, basicamente coisas para me fazerem bem aos olhos. Assim, há uns dias fiz uma pega em estilo vintage para a minha nova mini cozinha, que estou a tentar que fique o mais funcional possível e claro que umas graçolas feitas por mim também me ajudam a gostar mais daquele mini espaço, que quando estiver pronto vos hei-de mostrar.

Cá está ela. Já a publiquei no ig e sei que fez as delícias dos olhos de quem gosta de cenas vintage. Desta quero fazer um tutorial. Não o fiz hoje por falta de oportunidade, mas há-de sair cá para fora. Ah, e as fotos continuam sem grande definição porque ainda estão a ser tiradas com o tlm e para um tutorial sem dúvida que preciso da máquina fotográfica, que continua encaixotada não sei onde...
Agora deixo-vos com algumas imagens que encontrei no Pinterest (crochet concupiscence) de modelos de pegas estilo vintage que acho muito giras.
Gosto tanto!!!
Existem outros modelos que me despertam muito a atenção e que pertencem ao campo do vestuário. E agora mais uma memória de criança. Lembro-me da minha mãe e madrinha terem uns coletes feitos com granny squares. Infelizmente também não chegaram até aos dias de hoje, devem ter-se desfeito deles por desgaste ou porque fartas de usar. Uma pena, pois eu teria apreciado muito ter ficado com um exemplar. Mas um destes dias quero fazer um para mim, acho-os muito bonitos e se escolher uma boa paleta de cores sei que vai ficar bem giro.
Termino a publicação de hoje com uma imagem também encontrada no Pinterest, onde podemos ver o Paul McCartney, algures nos anos 60, com um belo de um colete todo em granny squares.
Bonito, não é?
Caso me esticasse com a temática vintage/retro daria pano para mangas e teria de lhe dedicar o blog durante os próximos meses. A ideia era apenas dar-vos a conhecer alguns projectos que me passam pela cabeça, uns já feitos, outros por fazer, mas só para o ano. Este está a terminar não tarda e ainda tenho uma montanha de projectos por acabar, que iniciei antes e até mesmo durante a mudança de casa.
Desejo sempre conseguir passar-vos alguma inspiração, espero ter conseguido.
Tenham uma excelente semana e sejam felizes ❤
Até já!
Ana Lado B
muito bom, e sem dúvida que o entusiasmo passa para quem gosta e acompanha o blog. Boa semana e venham mais publicações
ResponderEliminarTão bom, Rita. Obrigada <3
EliminarGosto tanto das suas publicações! Nem imagina. A minha avozinha também fazia pegas. A minha mãe fez questão de as guardar. Sem dúvida, que o amor está sempre na pontinha dos dedos de quem faz crochet <3 Beijinhos, Susana
ResponderEliminarSusana! e eu gosto tanto de a "ver" por aqui, sinceramente que sim. De facto os blogs são insubstituíveis, são lugares de encontros e reencontros onde o que nos une é o gosto absoluto por aquilo que fazemos. O que diz é a pura das verdades, crochet, ou manualidades no geral, sem doses de amor, não existe. Bons crochets aí para esse lado ;)
EliminarOlá Ana, acho que pegas em crochet geralmente feitas de restos de lãs (também as haviam bonitas, com flores e outros patterns) faziam parte de qualquer casa Portuguesa que se prezasse! A minha mãe não fazia crochet, mas tinha uma gaveta CHEIA de pegas,bonitas, feias, mais ou menos, com restos, como fosse. Geralmente as mais elaboradas ficavam em exposição, penduradas na cozinha e as mais rústicas iam para uso. Por trás normalmente, eram forradas com feltro. Há algum tempo atrás fui a casa do meu pai, ver se ainda encontrava uma dessas relíquias, mas, não sei, foram-se todas. Não ficou uma para contar a história! Quem as fazia era uma amiga da minha mãe. Olha podíamos andar aqui horas a falar sobre pegas! Hoje são como? em silicone , luvas forradas, etc...Tudo evolui! mas o que ficou lá atrás traz bonitas lembranças. Beijinhos!
ResponderEliminarPois é, as mães faziam colecções de pegas!!! Havia-as de todos os feitios e cores. Como dizes, tudo evolui e olha que nos dias de hoje se encontram algumas bem giras. Eu gosto de pegas, não colecciono, como faziam as mães, mas gosto muito!
EliminarOlá Ana
ResponderEliminarInspiraste com certeza que por aqui passou.
Fizeste me regredir à minha infância, a minha mãe fazia muito crochet e tem peças lindas.
A colcha em crochet que levava anos a fazer... E quando a lã deixava de ser continuada! Aí nervos.
Olha adorei essa parede com pegas e amo granny squares.
Eu quando era pequena fazia muitas barrinhas em crochet para toalhas. A minha avó dava me um dinheirinho. Ela borda a as toalhas e eu fazia o crochet.
Memórias e sim lembro me das almofadas dentro dos carros🙄🙄
Nós temos um Volkswagen de 1963 e não estou a ver esses adereços no nosso carro 🤔😁😁
Bjs e bom fim de semana
Eheheh havia de ser giro enfeitares o teu WV com crochezadas!!!
EliminarFalaste das barrinhas de crochet, sabes que é um dos meus projectos para este ano, voltar a fazer algumas mas não para aplicar em toalhas. A correr bem, no Verão mostro-as por aqui :)
Olá Ana Lado B! :) Adoro as pegas. Eu também sou fã e também tenho memórias das que existiam em casa da minha avó materna. Os granny squares são um vício! Comecei mais um projecto novo de uma manta de granny squares que hei-de fotografar e mostrar um destes dias. As outras "cenas" vintage referidas também são o máximo! :)
ResponderEliminarEspero que tenha sido um Feliz Natal na casa nova e desejo um Bom Ano! Bjn
Olá Paula! Sem dúvida alguma, os granny squares são absolutamente viciantes. Gosto tanto, mas tanto de os fazer :)
EliminarHá que mostrar essa manta! Eu também tenho dificuldade em resistir a mantas...
Bom Ano!!!