retro ou vintage? # parte 1

O facto de ter estado quatro meses com o blog parado fez-me perder o pedal. Já nem me lembrava muito bem o tempo que é necessário para trabalhar certo tipo de publicações e como é fácil perdermo-nos nos conteúdos. Há já algum tempo que tenho a ideia de criar uma publicação dedicada à temática retro e vintage no crochet e logo após ter publicado o artigo dedicado ao meu novo espaço de trabalho em casa, onde também aparece um móvel vintage, pensado para ser um roupeiro de bebé e onde actualmente é guardado parte do meu stock de lãs, decidi que a temática seria a próxima a aparecer por aqui. As ideias começaram a desenvolver-se e passado uns três dias de ter dado passos na pesquisa e recolha de conteúdos apercebi-me que tudo o que quero abordar não cabe numa só publicação, ou melhor, caber até cabia, mas pareceu-me ser demasiada informação. Decidi então que faria não uma, mas duas publicações dedicadas à temática, sendo que hoje dou-vos a conhecer a primeira parte e para o efeito começo com uma muito pequena, mas penso que esclarecedora, introdução.
Nos últimos anos as palavras retro e vintage ganharam grande destaque na decoração, na moda e também nos trabalhos manuais (crafts). Acontece que para muita gente existe alguma dificuldade em distinguir a diferença entre vintage e retro, e se acaso estejam a ler estas linhas e exclamem "olha, eu, por exemplo!" seguem-se meia dúzia de palavras que espero consigam clarificar qualquer dúvida. Quando falamos de uma peça vintage, falamos de algo que é genuíno, originário de determinada época, desde que com mais de vinte anos de existência (e menos de 100, porque todos os objectos que ultrapassem os cem anos podem vir a ser classificados de antiguidade). Contas feitas, a partir do ano em que estamos, podemos denominar de vintage objectos criados entre os anos vinte e os anos noventa, e não tarda nada vamos poder esticar-nos pelo novo milénio, embora as décadas mais comummente retratadas sejam as de 50, 60 e também 70 do século passado.  Já quando falamos de uma peça retro, palavra que significa "para trás", estamos a referir-nos a todos os objectos criados actualmente mas que nos remetem para determinada época, ou seja, peças actuais inspiradas em épocas passadas. Concluindo, vintage refere-se à idade e retro ao estilo. Introdução feita, passemos ao que quero mostrar-vos. Deixem-me só alertar que as fotografias, desde que regressei ao blog, têm sido tiradas com o meu telemóvel, quer isto dizer que a resolução é baixa e nem sempre consigo que a maquineta foque como deve ser. Mas como a minha coolpix está encaixotada e até ao momento ainda não a encontrei, ou fotografo e prossigo ou então teria de ficar parada.
Segue-se uma imagem do meu quarto, ou melhor, da cama, porque o quarto ainda está longe de ficar pronto e fazer-me bem aos olhos. Mas o que eu quero mesmo que destaquem é a manta que cobre a cama.






Foi executada com um fio de lã fino, toda em hexágonos numa selecção de dez cores numa espécie de degradé, com contorno a preto. Foi tecida pela minha madrinha há uns bons quarenta e cinco anos atrás, uma verdadeira peça vintage.  Está muito bem estimada, embora precise de algum restauro num ou noutro ponto a querer desfazer-se. Conheço esta manta desde muito criança e sempre a adorei. Há uns anos atrás quando me apercebi que esta beleza estava guardada numa mala para, muito provavelmente, ficar esquecida no fundo de uma arrecadação, resgatei-a. Uso-a frequentemente nos Invernos porque é muito quente e confortável. Deixo-a em primeiro plano quando os meus olhos querem ver cores e contrastes fortes no quarto ou  meto-a por debaixo da restante roupa de cama quando quero um ambiente mais suave e calmo. Agora, vamos a uma inspiração retro que criei a partir dos hexágonos padrão da manta da madrinha. Embora diferentes, as cores que eu escolhi não deixam de ser uma paleta que podia muito bem ter sido usada nos anos 70.




Se voltarmos às fotografias da manta vintage, vão reparar que na cabeceira da cama se encontra um painel de granny-squares. É retro, inspirado em tempos idos, e feito por mim. É, sem qualquer dúvida, um dos projectos que criei de que os meus olhos mais gostam. Eu já o mostrei uma ou outra vez por aqui e também no instagram do fazbemaosolhos. Sinceramente penso que nunca é demais olhar para ele, por isso cá vai mais umas fotografias do meu orgulho. Desculpem.



Com certeza que se reproduzisse este painel em vários ficaria com uma magnífica manta retro, mas penso que o seu destino será mesmo uma almofada. Também guardo comigo algumas edições dos anos 70, como esta especial da "Mon Tricot", de 1973. Não fui eu que a comprei, por essa altura teria apenas cinco anos, foi a madrinha que a comprou e guardou até aos dias de hoje. Também a resgatei porque também estava esquecida na arrecadação.



Nesta revista encontro motivos, modelos, técnicas e pontos, num total de duzentos e cinquenta items... o que eu chamo inspiração vintage a dar com um pau! ☺


Ainda voltando aos hexágonos há mais um que desenhei muito recentemente, assim como um granny square que já mostrei no instagram, em forma de pega de cozinha. Sobre eles vou  falar-vos na parte 2 deste artigo. Termino dizendo-vos que um dos factores que mais me entusiasma, posso mesmo dizer, que mais me apaixona no crochet é precisamente a possibilidade de  trazer para a contemporaneidade os modelos tradicionais de outras épocas. Espero ter contribuído nesta primeira parte com alguma inspiração para o vosso mundo criativo e ter-vos aguçado a vontade de crochetar modelos inspirados noutros tempos. 
Neste domingo quase a terminar, resta-me desejar-vos uma excelente semana e relembrar-vos que nos dias cinzentos as cores podem ajudar-nos a dar um ritmo diferente à vida.


Até já!
Ana Lado B




9 comentários

  1. Gosto muito de mantas de squares, sejam vintage ou atuais. É um tipo de trabalho bom de fazer que quando concluído nos enche os olhos e a alma!

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  2. Olá Ana! Sem dúvida que essa manta de hexágonos faz bem aos olhos! Adoro!
    Bjs

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  3. Eu adoro mantas e adoro fazer granny squars.
    Tenho uma verdadeira paixão por cores e uma das coisas que mais me maravilha nos trabalhos manuais, seja tricot, crochet, pintura,... é fazer o mesmo padrão em cores diferentes e obter trabalhos completamente diferentes.
    Agradeço a explicação das palavras que eu desconhecia.

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    1. Exactamente! O mesmo desenho mas em cores diferentes pode transportar-nos para imaginários distintos. É o poder das cores!

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  4. Olá Ana :)
    Obrigada por nos elucidares com a diferença do retro e vintage confesso que não sabia nada sobre o retro!
    Adoro granny squares e tenho um grande neste momento na minha cama hahaha .
    Confesso que prefiro as cores mais ténues, mas a ver o que nos trazes dai ;)
    bjs
    Lulu

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    1. Lulu, que bom "ver-te" aqui!
      Os granny squares não dão hipótese, encantam tudo e todos, pessoalmente adoro vê-los e fazê-los. Acho que sei qual é a manta de que falas, penso que já a vi no teu blog :)
      Ah, pois, cores "ténues" no meu crochet são difíceis de aparecer, eu e elas não somos muito amiguinhas, de qualquer forma de quando em vez também me viro para paletas mais suaves. Agora, quando se retrata os finais dos anos 60 e a década de 70 é absolutamente impossível usar contrastes suaves ou tons mais pastel, naquela altura vivia-se intensamente o movimento "flower power" que era garrido em todos os sentidos, um verdadeiro momento de grandes contrastes. Em breve hei-de dedicar uma publicação só a falar das cores, das conjugações e das que gosto de usar nos meus crochets ;)

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  5. Olá Ana, já tinha cá passado e comentado mas não sei se ficou pois eu estava no estrangeiro e não tinha a conta na qual costumo fazer comentários, aberta. Mas cá vai novamente: há tempos tinha lido sobre a diferença e as confusões entre os dois termos. Mas nunca é demais relembrar. A Colcha, é linda, a tua cara, ainda bem que a resgataste, seria um pecado não estar exposta e a "fazer bem aos olhos"! pessoalmente adoro tudo o que é clássico, quando aparece com roupagem e abordagem nova, mais moderna e atual. Acho que as pessoas que conseguem trazer para a modernidade um elemento clássico sem o descaracterizar. são donas de grande sensibilidade! beijinhos, fica be, boa semana.

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Thank you for your words!