Eu e a Cor # crochet com cor


Vamos lá terminar este ano com muita Cor aqui no fazbemaosolhos!!!
Tenho esta publicação em mente há já algum tempo, sabia o que vos queria transmitir só ainda não tinha encontrado a forma visual para o fazer, mas com as duas últimas publicações surgiu o modelo e hoje cá estou para vos falar da minha relação com as cores e o quanto influenciam os meus estados de espírito e a forma como comunico. As cores fazem parte da vida e, mesmo que não pensemos nisso, aparecem no nosso dia a dia para nos criar ambientes e sensações. A minha relação com a cor é muito diversificada, ecléctica, como tudo na minha vida. Escolho cores e tons para viver momentos diferentes. Não tenho preferência por estes ou aqueles, gosto de Cores e faço escolhas diferentes para diferentes momentos e sentires. Quem me conhece sabe que não me visto com cores vivas e que dou preferência a determinados tons, gosto de cinzas, preto, verde seco, verde esmeralda, roxo, azuis ganga, azuis petróleo, ocres, vermelho escuro e alguns castanhos. Quem conhece a minha casa sabe que as cores não são uniformes na decoração, variam de espaço para espaço, conforme o ambiente que pretendo criar. Quem conhece a minha caravana sabe que por lá só têm lugar as cores muito vivas, os contrastes de "estalo nos olhos" em ambiente meio kitsch e sempre em vias de explodir com mais cor. No meu crochet sou igualmente apaixonada pela escolha de grandes contrastes, até com grande tendência para os mais improváveis. Posto isto, posso concluir que não tenho uma linha definida nas paletas que escolho, nem só pasteis, nem só garridas, nem só monocromáticas, nem só preto e branco... tanto me inspiram as cores que me gritam aos olhos como as que os acalmam. O que eu gosto mesmo é de mexer nas cores e de misturá-las. As cores que escolhemos podem dizer muito acerca de cada um de nós, escolhemo-las, mesmo que inconscientemente, mediante o nosso estado de espírito. Têm capacidade para nos provocar alegria, tristeza, melancolia, euforia, contemplação, agitação, acalmando-nos ou recarregando-nos energias. E as combinações de cores pelas quais criamos maior empatia, que acabam por reflectir bastante acerca de nós, de certa forma ajudam a traduzir a nossa personalidade, as nossas vivências, as nossas referências e acima de tudo expressam a forma como estamos a querer comunicar com os outros. Por exemplo, não é por acaso que quando nos sentimos felizes temos tendência para a escolha de tons mais coloridos, mais vivos e, pelo contrário, se nos sentimos mais retraídos ou tristonhos acabamos por nos refugiar em cores sem brilho, que simpaticamente apelidamos de mais discretas. De qualquer forma escolher tons escuros nem sempre é sinónimo de tristeza, assim como escolher tons mais coloridos nem sempre é sinal de felicidade, até porque não reagimos todos da mesma maneira a cada cor. Somos todos diferentes e a representatividade das cores em cada um de nós é inerentemente diferente, isto porque as cores estão associadas às nossas memórias e portanto uma cor que para mim me leve a pensamentos menos bons, para outro pode representar alegria, conforto ou felicidade por estar associada a uma boa memória. O que é realmente certo é que as escolhas são sempre feitas, e repito, mesmo que inconscientemente, em função do que sentimos e queremos comunicar.


No que respeita às cores no meu crochet, escolho misturas que me transmitem prazer, felicidade, divertimento, que é o que sinto quando estou a fazer crochet,  além de que os tons mais coloridos também estimulam muito o meu sentido criativo e eu tenho essa necessidade. Nisto do crochet o que mais me motiva é olhar para uma montanha de novelos das mais variadas cores e criar conjugações pelas quais os meus olhos se vão apaixonando. Reparem, um dos meus sonhos é ter uma parede com alguns metros revestida por uma enorme estante a abarrotar de novelos de todas as cores possíveis e imaginárias. Isso é que era! sentava-me umas valentes horas por dia a contemplá-las e a deixar que a minha mente passeasse por onde lhe apetecesse. Esta é a minha relação com a Cor e é o que me leva a fazer crochet quase compulsivamente. Quanto à técnica, não sinto atracção pelo crochet elaborado, cheio de pontos com artifícios e truques. Gosto dos desenhos simples e tradicionais onde são as cores que ganham  destaque e marcam a diferença, que recriam os modelos com um olhar diferente. Já no que respeita à forma acabo por não conseguir fugir muito do mesmo, visto que dificilmente consigo resistir a mantas (!) Tenho momentos em que consigo imaginar mantas em tudo o que vejo, como por exemplo olhar para as lombadas dos livros da minha estante e conseguir ver mantas às riscas, ou apaixonar-me por uma toalha de mãos de aspecto vulgar só porque a sequência de cores me atrai e inspira uma manta (aconteceu-me na semana que passou). As mantas criam extensões, espacialmente falando, das maiores às mais pequenas, conseguem sempre dar-me uma boa visão dos contrastes e como objecto decorativo que são, num sofá, numa parede ou numa cama, acho-as sempre lindas, como se não bastasse, ainda me proporcionam conforto quando preciso de me aquecer. Portanto, vivam as mantas!


Como vos disse nas primeiras linhas, acabei por escolher um modelo para vos transmitir algumas combinações de cor que me fazem bem aos olhos. Escolhi o hexágono que vos apresentei recentemente aqui, inspirado numa colcha de lã com mais de quatro décadas que guardo comigo. Obviamente que as combinações de cores que se seguem são apenas algumas possibilidades dentro das centenas pelas quais podia ter optado, sendo que também tive de me condicionar às cores existentes de momento no meu stock de fios para trabalhos decorativos.












Tenho a certeza que se identificam mais com umas conjugações do que com outras, podendo até não se identificarem com nenhuma ou com todas. Deixo-vos um desafio no final de ano, tentem descobrir porque é que têm mais inclinação para determinadas conjugações de cor, nunca esquecendo que as mesmas estão ligadas às memórias. É um exercício muito interessante. Depois, caso queiram, gostava muito que me dissessem a que conclusões chegaram, porque é que se apaixonam mais fácilmente por determinadas cores e tons. Para terminar, só mais umas...


Adorei trabalhar esta publicação, diverti-me muito a escolher cores e a combiná-las. Tirando o primeiro, todos os hexágonos que aqui vêem fi-los nas últimas semanas. É difícil parar de fazê-los, são absolutamente viciantes! Apetecia-me ter feito muitos mais mas penso que estes já conseguem dar uma ideia de combinações que os meus olhos gostam, que, como já disse, são algumas dentro de centenas de possibilidades. Espero ter conseguido inspirar-vos a pegar em novelos para misturarem as cores que os vossos olhos gostam e, principalmente, a iniciarem um novo projecto só pelo prazer de misturar cores.
E para quem não sabe e gostava de saber fazer o modelo do hexágono que aqui apresentei, fiquem a saber que estou a preparar o tutorial para ser lançado por aqui no próximo ano.

Até lá, desejo-vos umas excelentes entradas e que 2020 venha recheado de tudo o que mais desejam.
Bom Ano ❤



Até já!
Ana Lado B



6 comentários

  1. Olá Ana, sou, como sabes, apaixonada por cores também e foi por isso que "colei" no teu blog: não é fácil encontrar pessoas que se identifiquem TANTO com cores. A cor, seja na decoração, na roupa ou em qualquer outro ambiente, gera um certo medo, medo de errar, receio de cansar. Eu adoro cores e sinto-me muito, mas muito mesmo, estimulada por elas. Não associo isso a memórias: a casa do meus pais era clássica, minha mãe tinha muito gosto, mas era mais neutra. Minhas irmãs não ousam nas cores. Pessoas como nós, é oito ou oitenta: ou quem vê as nossas coisas, adora (mas talvez não ouse ter em casa) ou odeia! Acho desafiante combinar e coordenar cores e desenhos, e nem sempre é fácil! Tens uma imaginação e criatividade a mil, e tiras referências do sítio (ou da coisa) mais improvável, tb tenho essa mania, de me inspirar em algo nada a ver! Beijinhos, Ana, um 2020 muito colorido para todos nós!

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    1. É verdade Val, somos ambas apaixonadas por grandes coloridos! E concordo quando dizes que por norma a relação das pessoas com as cores é de um certo receio de errar ao misturar. Brincar com as cores é importante, acho. Ser ousado com as mesmas e divertirmo-nos com os resultados é muito estimulante e também tentador. Em relação às memórias, não é regra, mas na minha opinião estão mesmo associadas ás nossas vivências, mesmo que fora do ambiente familiar. E sim, um Novo Ano cheio de cor para todos nós!!!

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  2. Olá Ana
    Desejo desde já um ano novo cheio de saúde e paz.
    Eu sei que és viciada em crochet e as cores fazem te vibrar e conseguem no fundo ser o teu hobby perfeito.
    Sinto a felicidade do que escreves e és uma afortunada no sentido que fazes algo tão terapêutico e proveitoso.
    As cores teem mêsmo o poder de transmitir algo.
    Eu amo azul, branco, verde. Estás são as minhas cores.E sabes porquê? O branco é puro, o azul é mar é céu e o verde são as árvores a serra.
    Sou muito ligada à natureza. Amoooo e isso traz me tanta paz.
    Admiro quem saiba brincar com as cores.
    Aguardamos a tua manta kitsch
    Bj
    Lulu

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  3. Acho extraordinário como uma simples paleta nos pode fazer tão bem aos olhos, que é como quem diz, à nossa alma, ao nosso sentir. Sabes, quando li quais as tuas cores preferidas e o porquê, quase me senti no topo da montanha <3

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Obrigada pelas palavras!
Thank you for your words!