Os anos passam, as memórias ficam

Um destes dias, perguntou-nos o mais novo "quando as pessoas têm um acidente e se partem todas e vão parar ao hospital, como é que se chama aquele pagamento que têm de fazer?", o pai olhou para mim com ar de o que é que se passa com o miúdo? a minha reacção ???!!!! depois hesitante respondi taxa moderadora?... e o miúdo todo entusiasmado diz pois, é isso mesmo!!!  Ui, que raio de história é que viria dali. Como podem calcular fiquei desejosa que a terminasse para a ler, aliás é hábito, sempre que escreve uma pede-me que leia e lhe diga o que acho. Ainda tive de esperar um bom bocado, pois o texto prometia preencher uma A4 e um virar de página. Estávamos na cozinha, eu e o pai a preparar o almoço, ele na mesa da cozinha com uma máquina de escrever à frente.
.
Esta máquina de escrever guardo numa estante à qual chamamos armário museu, uma espécie de avivador de memórias. A máquina pertenceu à minha mãe, que não fez grande uso dela, na minha adolescência herdei o objecto e usei-o bastante, não só para trabalhos escolares como também para escrever livremente. Sim, porque a malta é do tempo em que computador era igual a spectrum!... O meu pequeno R adora escrever à máquina, acha o máximo, mas faz-lhe uma certa confusão imaginar a vida dos pais, quando pequenos, sem computadores. O certo é que a máquina o encanta, com certeza pelo seu mecanismo, sem dúvida que a vê como um brinquedo, mas a verdade é que o objecto lhe estimula o gosto pela escrita... eu nunca o vi sentar-se em frente ao computador para registar uma palavra que fosse. Para já, computador é igual a jogar! Quando oiço o som das teclas a minha memória parece um turbilhão, regresso a momentos do passado num estalar de dedos. Sinto-me feliz por o meu pequeno R gostar tanto de registar a sua imaginação naquelas teclas. Quando está para ali virado passam-se manhãs ou tardes e as suas aventuras aparecem, ali, letra a letra. Adoro lê-las, são sempre hilariantes, e adoro que ele goste tanto de escrever. O nosso pirolito fez onze anos esta semana. Um dia as histórias dele também irão morar naquele armário, para que num futuro, sempre que nos apeteça, possamos pegar-lhes, lê-las rir-mo-nos que nem parvos e sentirmo-nos felizes. Ah, a história que surgiu neste dia era sobre um homem que se chamava Homem, que depois de passar por uma série de infortúnios (descritos ao pormenor), conheceu um super-herói, seguiu-lhe a coragem e determinação, deixou de ter azares na vida e foi feliz para sempre. Fim!


Até já
Ana Lado B


10 comentários

  1. oh que lindo :))) Adorei esta partilha Ana!
    Realmente de pensar como é que nós vivamos sem computadores!? Trouxe-nos muita coisa boa (não nos conheceríamos p.e.) ...mas seguramente que muita coisa má também :) Há que equilibrar.
    Não sei que é feito da minha máquina...tenho que a ir procurar! :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não é?! Incrível o voo que as tecnologias fizeram dos anos 80 até à data... uma loucura!!! Os miúdos ficam mesmo com aquela pergunta eternamente por esclarecer "sem computadores!? como é que faziam??!!" e por mais que expliques como era, eles riem-se, riem-se e abanam a cabeça com aquele ar "coitados, como é que conseguiam..." eheheh
      bjs*

      Eliminar
  2. Os filhos encantam_nos com as suas interrogações e seus projetos!...bj

    ResponderEliminar
  3. Os filhos encantam_nos com as suas interrogações e seus projetos!...bj

    ResponderEliminar
  4. A máquina de escrever sempre me fascinou, o design do objecto, todo o mecanismo com aspecto rústico e ao mesmo tempo complexo. Sou do tempo em que ainda não se usavam computadores. Tenho uma que comprei nos anos 80, teve pouco uso rsrsrsr.

    O teu R tem fascínio pela máquina, quem sabe um dia temos um escritor, ainda há quem dê uso às máquinas de escrever. Dactilografar pode ser mais inspirador!
    Bjinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, sim, é verdade. Conheço quem o faça, à máquina ou então manuscrito. Há quem não consiga usar o computador para a escrita (criativa). Há realmente um romantismo inspirador quando se usa a máquina e a ouvimos teclar :)
      Pois, quem sabe se o meu pequeno R não cultivará efectivamente o gosto pela escrita. Ele adora criar histórias, sejam escritas, sejam em banda desenhada, algo que também o fascina.
      bjs*

      Eliminar
  5. A máquina de escrever é um objeto tão interessante,que bom o teu menino poder dar largas à imaginação ao teclado de uma, um verdadeiro escritor, a minha filha nessa idade também escrevia imenso, mas, à mão em pequenos cadernos que ainda guarda, beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este gosto pela escrita, que normalmente está associado ao gosto pela leitura, traz sempre frutos um dia mais tarde. É um exercício extraordinário! é bom vê-los mergulhados nas suas palavras ;)
      bjs*

      Eliminar
  6. Olá Ana, um encanto o teu filho. Como uma criança, da era dos computadores e da electrónica vai buscar uma máquina de escrever! o que é certo, é que organiza as suas ideias e vai compondo os seus textos. Dos meus 3 filhos, há uma que escreve bem, era de fato a que em pequena, mais livros lia. Também eu, até pouco tempo atrás, não conseguia escrever os meus rascunhos no computador. Para pôr as palavras no papel era à mão e só depois passava a limpo no computador. Agora não, já consigo pensar e teclar ao mesmo tempo! O tec tec da máquina faz-me lembrar o escritório do meu pai, de cada vez que lá entrava, alguém batia algo à máquina! Que o teu filho continue com essa veia da escrita. Admiro quem escreve bem, sem erros de português e com criatividade. Beijinhos!
    PS: aquela mesinha azulona que viste no blog, é das fotos mais "pinadas" que tenho no pinterest!

    ResponderEliminar

Obrigada pelas palavras!
Thank you for your words!