Duas horas de puro prazer!

Penso que nunca vos mostrei o meu quintal. É muito pequenino. Moro num apartamento, no centro de Matosinhos, num prédio com cerca de 60 anos ou mais até. Nessa altura todos tinham o seu quintal. É o caso, nós moramos num segundo andar mas temos o nosso pedacinho de terra lá em baixo. Claro que preferia tê-lo mesmo ao sair da porta mas, para quem não estava a contar com uns bons canteiros para poder ter o prazer de os ver a florescer na altura do bom tempo, digo-vos que tenho muita sorte. 
Mas nem sempre foi assim, quando viemos para esta casa, vai a caminho de quatro anos, tudo o que conseguíamos ver das nossas janelas era um pedaço de terra, descuidado, um verdadeiro matagal. Levámos cerca de um ano para o limpar. Era aos bocadinhos, mediante as nossas disponibilidade e vontade. Tirámos sacos e sacos de lixarada, pedras, entulho, raízes velhas, objectos enterrados tal como pilhas, trapos, restos de vidros... não foi fácil. As sebes existiam mas atingiam quase os dois metros de altura e cresciam para todos os lados. Havia uma árvore (arbusto) ao fundo do quintal cujas raízes dominavam a terra até quase meio deste. Uma verdadeira confusão! Mas fomos determinados e aos poucos aquilo que era um matagal foi-se transformando num quintalinho simpático. No segundo ano decidimos que queríamos colocar uma cerca e também uma casinha de jardim, para guardar tralha e porque faz bem aos olhos (!) são tão giras. 

Ontem, andava eu a dar uma voltinha nos blogues que sigo e deparo-me com um post da Val do L'avion Rose sobre os dias de Primavera, o que me deu o impulso de saltar para o quintal e começar a prepará-lo para os dias férteis que se aproximam. Dizia a Val "É hora de olharmos para o nosso jardim, terraço ou varanda com outros olhos e resgatá-los de um longo e tenebroso Inverno". Nem mais! Eu já tinha agendado a tarefa para o fim-de-semana mas estava a distrair-me com outras. E como nada acontece por acaso, eis que me deparo com o post, largo a cadeira e fui direitinha para o meu quintal. Soube-me pela vida! Nada tendo feito senão desbravá-lo das ervas que tomam conta dele todos os Invernos, deixei-o pronto para receber os novos rebentos.
Não parece mas enchi três sacos de 100 litros com ervas daninhas, folhas, galhos secos e raízes velhas. 




As aromáticas... coitadinhas, estavam completamente atrofiadas pelas ervas daninhas, de tal forma que nem se viam. Ainda restou alguma coisa e com o bom tempo que se anuncia e alguns mimos, vão vê-las daqui a uns tempos no seu esplendor, não tenho dúvidas. Já a hortelã... bom, essa não resistiu e havia tanta! Mas não faz mal, volto a plantá-la e também ela crescerá rapidamente. Adoro hortelã, o cheiro, o sabor, são tão agradáveis e tranquilizantes. Uso-a muito em sopas, saladas, guisados, no cozido à portuguesa não a dispenso nunca e até nalgumas sobremesas. Por exemplo, morangos com açúcar, uns pingos de sumo de limão e servidos com hortelã segada, é comida dos deuses!











Do outro lado do quintal situa-se o canteiro das plantas. Também elas lutam muito para ultrapassar o Inverno e chegar à Primavera. Sei que desapareceram uma ou outra planta que plantei no passado Verão mas serão substituídas muito em breve. As sebes precisam de um bom desbaste, já saem pontas para todos os lados. A alfazema está com um ar muito pouco viçoso mas cheira maravilhosamente bem. Ai, é tão bom mas tão bom mexer no canteiro e sentir aquele aroma! 


Em breve, quando espreitarmos por esta cerca veremos alfaces, tomates, couves e outros pequenos hortícolas. É o que habitualmente plantamos neste canteiro e lá ao fundo temos o canteiro das aromáticas que vão voltar a rebentar, a vibrar e a odorar o nosso quintal.


Estes pequenos cresceram nesta floreira que anteriormente estava junto à nossa rulote num parque de campismo situado num pinhal. Não os plantei, foram as sementes que escolheram a floreira como casa.


O cacto... cresce por todo o lado!


Exactamente, é a casota das traquitanas! Lá dentro guardamos, entre outras tralhas, pequenos móveis que encontramos por aqui e por ali, aquelas tralhas que os outros deitam fora mas que nós recolhemos porque olhamos e conseguimos vislumbrar uma nova vida para aqueles objectos. E é no bom tempo que começamos a dedicar-nos a alguns restauros e reciclagens. Precisamos de desenvolver estas tarefas ao ar livre, visto que dentro de casa não temos espaço. Só por curiosidade, reparei agora que já repeti várias vezes a primeira pessoa do plural. É que eu tenho um belíssimo cúmplice. Também ele se reconforta com a jardinagem e o bricolage. É o meu mais que tudo, o R grandalhão cá de casa, o pai dos meus filhos ;)


A gravilha foi colocada porque nesta zona, que queríamos de passagem, cresciam muitas ervas daninhas. Remédio santo, desapareceram! Por debaixo da gravilha colocámos uma tela própria para o efeito, assim as pedrinhas não se enterram quando as pisamos e criam um óptimo isolamento à zona de passagem.



E ao final da tarde, talvez umas duas horas após início dos trabalhos de jardinagem, guardei as ferramentas, trouxe um ramos de tomilho para casa para condimentar as paparocas, espreitei pela janela e sim, senti-me feliz com o resultado e pela magnífica sensação de ter passado um pequeno momento tão relaxante e tão enriquecedor. Devemos praticar estes momentos, no quintal, no jardim, no terraço, na varanda ou até mesmo nos vasos do parapeito da janela. Não interessa o tamanho do pedaço de terra, interessa sim esta sensação de bem-estar que se apodera de nós e nos limpa.

Desejo-vos uma semana esplendorosa!
Até já
Ana Lado B

8 comentários

  1. Pode-se mesmo dizer que foram duas horas MUITO produtivas! E o resultado está a olhos vistos!
    Parabéns! Belo trabalho!
    Parece-me que a Val nos inspirou a todas com aquele post fantástico, hoje também andei umas duas horas de volta do meu quintal e rendeu bastante. A começar pela energia fantástica que senti enquanto andava de volta dele! E terminou com uma enorme gratidão no meu coração!
    É mesmo muito bom quando nos dedicamos ao que nos dá prazer!
    Parabéns mais uma vez minha querida o teu quintal está mesmo lindo!
    Beijinho e boa semana.

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    1. Olá Catarina! amiga, muito obrigada pelas palavras ;) Mas é mesmo isso, esta coisa da blogosfera é absolutamente fantástica e uma das razões prende-se com o facto de nos contagiarmos uns aos outros com coisas boas! E sim, é uma sensação tão boa quando atingimos a capacidade de nos desligarmos do quotidiano e envolvermo-nos em actos simples, tão gratificantes. Um grande beijinho e uma belíssima semana

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  2. Jardinar...é maravilhoso e eu que o diga que tenho passado muitas horas no meu quintal! Bj amigo

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    1. É mesmo muito bom! E quando chega o Sol chega sempre o momento de dar mimos ao quintal e à vida que lá prospera ;) beijinhos e boa semana

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  3. Mas que limpeza Ana :) Muito bem, deve ter sabido mesmo bem ;)
    E cheia novidades a tua hortinha :)
    Boa continuação :)

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    1. Querida Sandra, olá! É verdade, sabe mesmo muito bem ;) Ontem passei pelo horto e já tenho umas plantinhas novas para darem cor ao quintal. Até ao final da semana vou ver se consigo comprar os rebentos hortícolas, estou desejosa de os plantar! beijinhos e resto de boa semana

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  4. Às vezes sinto falta da horta verdejante como sempre conheci quando o meu avô e os meus pais eram vivos.
    É uma experiência que tenho pena que os meus filhos não possam ter como eu tive quando era pequena...

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  5. Comigo foi ao contrário. Eu cresci sem nunca ter tido a experiência. Os meus pais viviam (e vivem) num prédio, da altura dos anos 60, mas no caso deles só as caves têm quintais, e muito grandes, mas a nossa casa ficava no último andar. Então que fazia eu, ia para a janela ver os vizinhos mexer na terra, plantar, semear e de vez em quando lá me desafiavam para ir ter com eles... adorava! Sempre me encantou. E só agora, passadas quatro décadas, tenho um quintal, é o meu primeiro quintal! Embora muito pequenino, já dá para "brincar" às hortas e de facto é tão bom! Quem sabe se não acontece aos teus filhos o que me aconteceu... nunca é tarde ;)) beijinhos

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Obrigada pelas palavras!
Thank you for your words!